Epopeia...

A epopeia é um género narrativo em verso. Como qualquer narrativa, a epopeia envolve personagens situadas num determinado espaço e tempo. Contudo, a narrativa épica tem características específicas. 
Luís de Camões escreveu Os Lusíadas, uma epopeia desejada por todos os portugueses, assim como outros povos europeus. Todos eles ansiavam pelo o poema épico que prestigiasse a literatura nacional. A partir do século XV, começaram a surgir alguns poemas de conteúdo histórico, sem grande relevância literária. Entretanto, Garcia de Resende ou António Ferreira, ambos grandes nomes da nossa literatura, alertavam para a necessidade de se cultivar o género épico, estimulando outros poetas à criação da epopeia de Portugal.
Portugal tinha, de facto, no século XVI, as condições ideais para a criação de um poema épico. Condições, estas, que poderão ter sido factores determinantes para que Camões se abalançasse a escrever Os Lusíadas.
A epopeia de Luís de Camões, Os Lusíadas, está escrita em versos decassilábicos (versos com dez sílabas métricas), com o predomínio do decassílabo heróico e também com alguns raros exemplos de decassílabo sáfico. As estrofes são de oito versos (oitavas) e apresentam o seguinte esquema rimático – abababcc (rima cruzada e emparelhada). As estrofes estão distribuídas por dez cantos, ou seja, dez capítulos. No seu conjunto, o poema apresenta 1102 estrofes. Esta é a estrutura externa desta epopeia. Quanto à estrutura interna, pode-se dizer que Os Lusíadas constroem-se pela sucessão de quatro partes, a Proposição, a Invocação, a Dedicatória e a Narração. Na Proposição, Luís de Camões anuncia o que vai cantar “Cantando espalharei por toda a parte” (Canto I, est. 2). Neste caso Camões vai cantar todos os feitos do povo português. Na Invocação, Camões faz um pedido de ajuda às divindades inspiradoras e na Dedicatória, oferece o poema a uma personalidade importante, Rei D. Sebastião. Por último, a Narração, que é a parte que constitui o corpo da epopeia, ou seja, a narração de toda a viagem marítima à Índia e de toda a história de Portugal. Relativamente aos planos narrativos, Os Lusíadas, que é uma obra narrativa complexa, constrói-se através da articulação de três planos narrativos. Como plano narrativo fulcral apresenta-nos a Viagem de Vasco da Gama à Índia. O segundo plano diz respeito à intervenção dos Deuses do Olimpo na Viagem. Encaixado no primeiro plano, tem lugar um terceiro, que é constituído pela História de Portugal, contada por Vasco da Gama ao Rei de Melinde, por Paulo da Gama ao Catual de Calecut e por entidades divinas que profetizam futuros feitos dos Portugueses. Para além destes três planos narrativos, há ainda o plano das intervenções do poeta, normalmente situadas nos finais dos Cantos e que constituem reflexões, críticas, lamentações, exortações. Os quatro planos d’ Os Lusíadas são:

·         Intervenção dos Deuses;
·         Viagem de Vasco da Gama;
·         História de Portugal;
·         Intervenções do Poeta;




Fonte: “Plural”, manual do 9ºano de Língua Portuguesa